segunda-feira, 29 de junho de 2009

O desacordo



Vivo da escrita. Para o bem e para o mal. Vivo de transformar ideias, conceitos, discursos, factos, pensamentos em letra de forma. A língua portuguesa é a minha ferramenta de trabalho.

Até há algum tempo tomei a opção consciente de ignorar olimpicamente o novo acordo ortográfico. Ah, até isso chegar... Ah, estou-me marimbando... Ah, enquanto o pau vai e vem...

O pau vem aí. Dizem que vai entrar em vigor ainda este ano. E eu sentei-me a olhar melhor para o que aí vem.

E se algumas coisas fazem algum sentido, embora eu ache que tira a beleza a muitas palavras - como baptizar/batizar ou excepcional/excecional - outras são um verdadeiro crime ao bom entendimento entre os povos que tanto querem facilitar a comunicação.

Querem um exemplo ridículo? Passaremos de espectáculo a espetáculo. Aqui da minha varandinha sobre a língua pátria, um espetáculo seria não uma manifestação cultural mas sim um local onde se espetam coisas. Mas isso sou eu, que tenho mau feitio.

Mas há coisas bem mais sérias. Por exemplo? De acta passaremos a ata. Que eu saiba - mas quem sou eu... - ata é o presente do indicativo do verbo atar, na terceira pessoa do singular. Eu ato. Tu atas. Ele ata.
E eu é que me sinto atada perante tal desatanço diarreico-mental.

E de pêlo passaremos a pelo. Conseguem imaginar a confusão que isto vai dar? Eu consigo. Por isso prefiro um beber um copo para tentar engolir mais este sapo.

sábado, 27 de junho de 2009

Dúvidas metódicas


E se tudo isto for apenas o grande golpe do século para se escapar às dívidas monumentais?

E se Michael Jackson não está morto?

E se daqui a uns tempos começam a vê-lo às compras no Lidl de Singapura?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Efeminação do macho nacional

As mulheres queixam-se: já não há homens como antigamente.

Não sou propriamente das que faz gala em usar a frase a torto e a direito, como umas quantas que conheço, mas subscrevo-a. Da minha varanda sobre o macho nacional avisto-os fraquinhos, muito fraquinhos. E a vários níveis.

O que mais me aborrece é provavelmente aquele em que parecem fêmeas. Aquela coisa do "oh-ele-deixou-me-estou-tão-traumatizada-não-sei-se-vou-conseguir-entregar-me-de-novo-a-outro-homem" ouve-se agora constantemente na boca dos meninos. Aquele jogo do não-vou-ligar-a-ver-se-ele-liga fazem-no eles. E amuam se não ligamos.

Dei por mim a ter pena dos machos a quem, noutros tempos, as fêmeas fizeram cenas parvas dessas. Felizmente nunca foi bem o meu estilo. Mas fui ombro para muitos que me diziam: mas porque é que a não sei quantas não pode ser mais como tu? Ora porra, porque se fosse como eu era só tua amiga, disse-lhe mil vezes.

E claro, casaram-se, tiveram dois meninos, meteram palitos um ao outro, e estão separados. Ela, que andava sempre naquelas ceninhas foleiras de gaja, é hoje uma divorciada toda para a frente. O pai dos filhos é apenas isso e o mundo é para viver, que nunca se sabe quando é que o amor pode voltar a cruzar-se connosco num dia em que até lavámos o cabelo.

Ele? Adoro-o. Mas raios me partam - não há semana em que não queira tentar saber que anda ela a fazer, se ainda fala dele, se a nova relação será a sério. E para ele? Ah, não. Está traumatizado, acha que não pode voltar a confiar em nenhuma mulher. E coitadas das desgraçadas que lhe caíram nas unhas nos últimos dois anos. Pagam pelo crime que não cometeram.

Como se não bastasse este estado das coisas, o que não faltam são nomes efeminados com os quais se pode baptizar os rapazinhos que vão nascendo - julgavam que eu tinha arrumado de vez o rol do registo civil?

Evo não deixam.

Mas Célio, Dálio, Élsio, Érico, Filomeno, Gildo, Gino, Guido, Ildo, Josefo, Lauro, Lídio, Liliano, Luzio, Magdo, Margarido, Marílio, Marto, Natálio, Susano, Tatiano e Vânio estejam à vontadinha.

Ou Sandro. Aliás, se estiverem mesmo tentados a dar cabo da vidinha do puto para o resto dos seus dias, chamem-lhe Sandro do Paraíso. Está na lista do "sim"...!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Não há justiça!

Uma pessoa chega de férias.
Uma pessoa vem de pázinha comprida para conseguir chegar ao ninho cagado para tirar aquilo dali pela surra lá mais para a noite.
Uma pessoa senta-se à mesa e estranha a presença de uma pomba estranha ali mesmo ao lado. Nah, não era o bebé crescido (vá lá entender-se como é que uma pessoa acha mesmo que é capaz de reconhecer um pombo no meio de milhares...).
Uma pessoa olha com mais atenção para ver quem raio se instalou no pedaço.
Uma pessoa não quer acreditar no que os seus olhos vêm.
Há dois novos ovos no ninho.

Porra! Alguém se importa de tirar o letreiro que diz Maternidade Avenida Almeida?!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Voa, voa...

Não há TV para ninguém. E agora que o pombo bazou - são uns ingratos, é o que é... - também não há aventuras mais ou menos aladas.

O que há é férias. Algo que, traduzido, significa: sem cheta para ir papar mundo, como gosto, fico por cá a cheirar a maresia (que ainda tenho frio para meter as nalgas nas ondas), a colocar os tão adiados rodapés novos lá em casa e assim a modos que a pintar umas coisas.

Tenho andorinhas nos olhos e onde já vai a Primavera.

sábado, 6 de junho de 2009

O alcatrão não engana

Ao que nos revelou o "Nós Por Cá", na SIC, há em Carnaxide uma rua a que chamam a "Estrada de Manteiga". O piso é de tal forma escorregadio, chova ou não, que os acidentes ali são mato e até dá para o incauto cidadão fazer patinagem artística se não se põe a fancos.


Por mim, montava-se uma bancada para assistir às batidas ao melhor estilo Stock Cars, vendia-se pipocas e bejecas e ainda podia haver uma barraquinha de t-shirts a dizer "Eu (ainda) não escorreguei".

Pronto, mas isto sou só eu. Que não gosto do conceito de desperdício.

Parado no tempo


Tinha 21 quando a malta se abanava e trauteava ao som da sua música. Agora tem 47. E não é que o sacana do Rick Astley continua um enxuto?! Abençoadinho.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Guerra Mundial da Passarada


O Zoo de Lisboa fez 125 anos. A RTP1 fez uma emissão especial directamente do largo dos hipópotamos. De repente rebenta a II Guerra Mundial mesmo em cima do colo da Tânia Ribas de Oliveira. Primeiro o pulo, depois a gargalhada, difícil de parar. A miúda começou a ser literalmente "bombardeada pelas necessidades dos pássaros". Quem ganhou? Bem, a própria Tanocas. Depois de almoço apareceu dentro de um vestido bem mais bonito do que a t-shirt e calças da manhã...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Limpeza, precisa-se!

Voou do ninho e não voltou. Quer dizer, voltou hoje. Durante uns dois minutos. Acho que era ele, mas já tinha reflexos esverdeados no pescoço e uma segurança estranha de quem já tem o seu caminho e não vai olhar para trás.

Parou na vidraça. Olhou-me, ali especado. Batuquei os dedos na janela, como antes, e nem estremeceu. Olhei para o computador por um instante, nem sei porquê. Quando voltei a fitar o parapeito, já lá não estava. Creio que desta vez é de vez.

Alguém se candidata a vir limpar esta porra deste ninho e destes vidros absolutamente nojentos? Pois, já sei. Quero limpo, limpo. Obrigadinha...